sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Sexta-feira 13, mais um dia para pensar em bruxas...

Pois é, gente!!
Nada como uma sexta-feira 13 pra gente falar sobre bruxas, né não? =)
Pra vocês, um trecho de Paganus... ;)
(...) Dom Couto entrou nervoso na casa de pedras que era a maior da Vila dos Canetos e jogou o chapéu molhado para o lado. Imediatamente seus escravos vieram em seu socorro ajudando-lhe a se livrar das roupas molhadas. Atrás dele entraram dois rapazes igualmente encharcados. Douglas e Diogo, seus filhos gêmeos de vinte e um anos. Os três estavam armados com suas pistolas e espadas elegantes, presentes da coroa portuguesa.
- Este lugar está a salpicar bruxas! E só conseguimos capturar uma?– Mário Couto falou exasperado olhando para seus filhos. Tinha pouco mais de quarenta e cinco anos, era viúvo, tinha o porte e autoridade da nobreza.
- Papá, não sabemos se a rapariga é uma bruxa... ainda. – Diogo falou receoso.
- És um fraco, Diogo! Não viste que estavam a dançar às margens do rio? Elas riam e agitavam seus vestidos! – ele vociferou diante do filho. A lascívia das mulheres era um dos sinais mais poderosos para identificar uma bruxa e a Igreja detalhara aqueles comportamentos em documentos.
- E encontramos cestos com produtos de bruxaria... – Douglas ajudou o pai.
- Eram somente frutas, Douglas! – Diogo riu e balançou a cabeça.
- E a chuva que mandaram sobre nossas cabeças? – Douglas encarou o irmão que era idêntico a ele, ambos eram altos com o corpo forte, os cabelos escuros que caíam sobre os ombros, os olhos quase negros e a pele clara. A diferença entre os dois estava na falta de um dedo em Douglas, seu polegar direito fora arrancado em um acidente que sofrera quando criança. A falta do dedo não comprometeu sua habilidade com a espada, que aprendera a usar com a mão esquerda e era muito bom, melhor que seu irmão destro.
Diogo apenas olhou para o irmão depois do comentário e riu saindo à procura de uma sopa quente para lhe aquecer os ossos. - Diogo deveria tornar-se padre. – Douglas resmungou bravo para a escrava que terminava de enxugá-lo e ela sequer ergueu o rosto, pois sabia que não era exatamente com ela que falava.
Dom Couto voltou para a sala onde a mesa estava posta com pães e três pratos de sopa fumegante. Diogo já estava sentado devorando sua comida quando o pai e o irmão se sentaram.
- Devemos ver se o padre já falou com a rapariga. – Dom Couto disse comendo uma grande colherada de sopa. – E não quero saber de piedade dessa vez. – olhou sério para o filho Diogo.
- De nada adiantou apiedar-me daquelas famílias... não acabamos por colocar fogo em tudo? – ele levantou os ombros.
- Mas me fazes perder a autoridade! – Mário Couto bateu na mesa com força. – Estamos aqui para cumprir a missão divina de varrer os pagãos dessas florestas e não para nos importarmos com suas vidas!
- Como quiseres papá. – Diogo falou afastando o prato de sopa que, felizmente, havia terminado de comer. Aquela conversa sempre lhe tirava o apetite.
- Tu és um cristão, filho! Deves orgulhar-te de ser responsável pela divulgação da fé verdadeira! – Dom Couto se acalmou e olhou para o filho. – Tua mãe ficaria orgulhosa de ti. – ele fez o sinal da cruz e olhou para cima.
- Posso retirar-me? – Diogo apenas olhou para seu pai sem qualquer mudança na expressão no rosto.
O pai o fitou por um momento. Não conseguia compreender o filho. Como era possível que Deus lhe desse dois filhos tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo? Sua mulher costumava dizer que os filhos eram os dois lados da mesma moeda. Passou a mão pelos cabelos revoltos e depois fez um gesto com a mão dispensando Diogo.
- Podes. – respondeu e olhou para o outro filho e balançou a cabeça se lamentando.

2 comentários:

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